Neste terceiro dia de espera, veio à sua casa um homem vistoso e de fala bonita, que Josefa vira algumas vezes a andar por aquelas bandas. Era o filho do prefeito da cidade, que aparecia a cada quatro anos com uma caderneta para anotar pedidos e algumas cestas básicas. O homem que um dia Josefa chamara de pai recepcionou o homem, trocou algumas palavras, recebeu certa quantia em dinheiro, mais especificamente cinco notas vermelhas com um pássaro desenhado nas costas, e entregou a menina aos cuidados do homem:
-Maria, venha.- disse o homem – você vai conhecer a cidade grande.
-Meu nome é Josefa.
-Não faz diferença. Por aqui vocês são todas marias
A menina entrou no carro, carregando sua trouxa de pano. Não havia motivos para despedidas e a imagem que ela guarda como um projeto de adeus é a imagem do pai tomando a velha cachaça, direto da garrafa, recostado sobre a porta de tábuas. Mas não imaginava Josefa que um dia voltaria à sua terra e veria aquele que um dia chamara de pai a clamar por sua vida, naquela que seria, tal qual Nossa Senhora das Dores, o punhal traspassado em seu coração:
-Você tem sorte, Maria. Vou te conseguir um emprego bom na cidade. Você até vai ver o mar.- falou o filho do prefeito ao entrar no carro.
-Meu nome é Josefa.
-Pois deveria ser Maria. Maria é a mãe de Deus, e toda mulher um dia vai ser Maria.
Meus amores ta muito legal, mas e agora?? O que vai acontecer??
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